Árvore do Conhecimento

Árvore do Conhecimento

domingo, 30 de agosto de 2015

FOLHA-DA-RIQUEZA (EWÉ AJÉ)



FRIA.
Nomes Populares: Corrente, Periquito, Carrapichinho, Apaga-fogo, Manjerico.
Nomes Científicos: Alternanthera tenella Colla, Amaranthaceae; Bulchozia polygonoides var. difusa Mart.; Telanthera polygonoides var. difusa Maq.;
Telanthera polygonoides var. brachiata Maq.; Alternanthera ficoidea var. difusa Kuntze; Alternanthera  ficoidea brachiata (Maq.) Uline & Bray.
Orixás: Iemanjá e Ajé Saluga.
Elementos: Água/masculino.
Planta nativa das Américas, que ocorre em todo território brasileiro, tanto no campo quanto em beira de calçadas nas áreas urbanas.
Classificada como um vegetal gun (de excitação) e considerada “folha muito positiva” nos terreiros de candomblé, é utilizada para todos os orixás sem exceção, não devendo faltar no àgbo, nos banhos purificatórios e na sacralização dos objetos rituais dos orixás, pois acredita-se que esta erva tem o poder de “atrair coisas boas e positivas”. É empregada, ainda, na preparação de um pó (atin) que tem por finalidade atrair riqueza e prosperidade.
Não devemos confundir ewé ajé (ajé), a folha do feitiço, com ewé ajé ou ajejé (ajê ou ajejê), a folha do orixá da riqueza Ajé Saluga, pois, embora os nomes nagôs sejam muito parecidos, suas funções são antagônicas.
“Na farmacopeia popular as folhas são usadas como diuréticos.” (Kissmann 1992-II:27)


sábado, 29 de agosto de 2015

MARIA-PRETA (EWÉ SOLÉ)


QUENTE.
Nomes Populares: Maria-preta-verdadeira, Balaio-de-velho.
Nome Científico: Eupatorium ballotaefolium H.B.K., Compositae
Orixás: Nanã, Obaluaiê e Oxumarê.
Elementos: Terra/feminino.
Folha utilizada nos rituais de iniciação e banhos purificatórios para os filhos de Nanã, Obaluaiê e Oxumarê.
O decocto dessa planta é usado para curar feridas diversas e, juntamente com capim-limão e raiz de fumo-bravo, em infusão, serve para combater gripes e resfriados fortes. Planta aromática, excitante e emoliente.


ERVA-SILVINA (EWÉ ODÁN)


QUENTE.
Nomes Populares: Cipó-cabeludo, soldinha.
Nome Científico: Polypodium vaccinfolium Langsd & Fischer, Polypodiaceae.
Orixás: Obaluaiê e Nanã.
Elementos: Terra/masculino.
De origembrasileira, esta polipodeácea medra em quase todas as regiões do país, principalmente em matas tropicais úmidas, onde é encontrada afixada nos troncos das árvores.
Embora não sendo propriamente um parasita, a erva-silvina é considerada como tal e está incluída entre os àfòmón, categoria que é atribuída a todos os vegetais que se utilizam de outros como substrato. Segundo a tradição jejê-nagô, este é um dos principais vegetais atribuídos a Obaluaiê, e “representa os fundamentos deste orixá com Nanã”, sua mãe mítica. É utilizado nos rituais de iniciação dos iaôs, no àgbo e em banhos de purificação.
Como fitofármaco, possui propriedades hemostáticas e adstringentes, sendo empregado para combater os males dos rins, bexiga, reumatismo, dores nas costas, varizes, perda de sangue pela urina e congestões sanguíneas.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

ARNICA-DO-CAMPO (TAMANDÉ)


FRIA.
Nomes Populares: Erva-lanceta, Lanceta, Espiga-de-ouro, Sapé-macho, Arnica-do-brasil.
Nomes Científicos: Solidago microglossa DC., Asteraceae (Compositae); Solidago chilensis Meyen.
Orixá: Nanã.
Elementos: Água/feminino.
Planta nativa da América do Sul, ocorrendo com mais frequência nas regiões sudeste e sul.
Segundo informações, em Salvador-(BA), esta folha é atribuída a Nanã, e seu nome nagô significa “aquela que reza”. É utilizada na sacralização dos objetos rituais deste orixá.

A arnica-do-campo possui as mesmas propriedades da arnica-verdadeira, sendo utilizada para combater doenças do estômago e, em tintura homeopática, para prevenir derrame em casos de tombos e quedas.

BILREIRO (ÌPÈSÁN)


QUENTE.
Nomes Populares: Carrapeta, Jitó, Carrapeta-verdadeira, Carrapeteira.
Nomes Científicos: Guarea guidonia (L.) Sleumer., Mellaceae; Guarea trichilloides L.; Guarea aubletil Juss.; Guarea surinamensis Miq.; Guarea guara Wilson; Trichila guara L.
Orixá: Xangô.
Elementos:  Fogo/masculine.
Planta brasileira que ocorre com frequência do Norte ao Sudeste do Brasil, podendo ser encontrada na região Sul, Guianas, Antilhas e países da América Central.
Essa árvore pertence a Xangô, e suas folhas são utilizadas em banhos de iniciação, proteção e prosperidade. Os galhos são utilizados em sacudimentos.
Os cubanos usam as folhas dessa árvore, juntamente com milho vermelho, benjoim, casca de ovo e pedra imã, para preparar um pó de atração que é soprado dentro de casa com a finalidade de chamar dinheiro. Com um pedaço da casca do tronco, um ovo e vinho seco dentro de um recipiente, fazem também um sortilégio para que um amante ou pessoa ausente retorne ao lar. Utilizam, ainda, esse vegetal para rogar a Xangô, em época de seca, para que chova, ou para que esse orixá fulmine com seus raios um inimigo. É comum, nas casas-de-santo cubanas, ter na entrada principal esta árvore plantada, pois acreditam que ela tem o poder de barrar todas as demandas (Cabrera 1992:554-555).


O ìpèsán é louvado nos cânticos dedicados a Ossaim, no ritual da sasányìn, como a árvore que deixou de ter frutos quando as feiticeiras nela pousaram, isto é, negou os seus frutos aos “pássaros negros”. Assim se explica o fato dela ser considerada poderosa protetora contra feitiço, pois sobre ela as entidades maléficas não encontraram abrigo.
Empregada como fitoterápica, a carrapeta combate febre, tosse, gota, afecções sifilíticas e conjuntivite; porém, é “considerada abortiva quando empregada em fortes doses” (Guimarães & Mautone & Rizzini & Mattos filho 1993:53), pois tem ação direta sobre o útero. Em doses elevadas é tóxica, e coloca em risco a saúde.


domingo, 23 de agosto de 2015

MALVA-BRANCA (ÀSÍKÙTÁ E EFIN FUNFUN)


FRIA.
Nomes Populares: Guanxuma, Malva-veludo, Guaxima, Malva.
Nome Científico: Sida cordifolia L., Malvaceae
Orixá: Oxalá.
Elementos: Ar/feminino.
Encontrada em áreas tropicais de vários continentes, esta planta é nativa das Américas e ocorre do sul dos Estados Unidos até a Argentina. NoBrasil é encontrada em grandes concentrações nos Estados do Norte, Nordeste e Sudeste.
Conhecida também nos candomblés brasileiros pelos nomes de efin, esta planta entra na composição de àgbo e em banhos purificatórios nas casas-de-santo. Sendo utilizada por todos, principalmente aqueles ligados a Oxalá, Iemanjá, Oxum e Oxossi; todavia, nos batuques rio-grandenses, esta planta é utilizada em banhos e rituais para Xapanã.
Empregadas na liturgia pelos iorubas, é conhecida na Nigéria pelo nome èkuru oko (Verger1995:720).
Benefícios e indicações de uso da malva: A malva auxilia no tratamento dos casos de aftas, bronquites, catarros, faringites e tosse, além de infecções na boca, garganta e laringe e alivia o mau hálito. As compressas das folhas da planta servem para tratar queimaduras de sol; gargarejos com o chá tratam inflamações da boca (gengivite e afta) e garganta. A planta é também utilizada no tratamento de úlcera, gastrite, prisão de ventre, emplastro para curar abscessos e cólicas intestinais. Quando usada em cataplasmas e compressas, a malva possui ação cicatrizante, amenizando acnes, furúnculos e deixando uma sensação de frescor na pele. As folhas da malva-branca possuem propriedades emolientes e, amassadas, são aplicadas sobre picadas de vespas. O decocto das raízes é usado, externamente, para combater a blenorragia.


sábado, 22 de agosto de 2015

ARROZINHO (SÈNÍKAWÁ)


FRIA.
Nomes Populares: Carrapicho, Orelha-de-caxinguelê. Alfafa-do-campo, Urinária.
Nomes Científicos: Zornia diphylla Pers., Leguminosae; Zornia latifólia Smith., Leguminosae; Zornia reticulata, Fabaceae.
Orixás: Ewá e Ossaim.
Elementos: Água/masculino.
Vegetal amplamente disperso pela América do Sul, encontrado também no continente africano.
Planta utilizada nos rituais de iniciação, que, segundo Barros(1993:110),
Seu nome nagô significa “ter que vir”. Provavelmente, uma alusão ao chamar-se o orixá para que ele incorpore seu ìyàwó.
Segundo Verger (1995:737), este vegetal é conhecido dos iorubas, na África, com o nome de è, terminologia dada na África a diversos tipos de plantas que possuem frutos pegajosos (carrapichos).
Considerada diurética, laxante, é usada contra diarreias, Externamente, em massagem para reumatismo.


sexta-feira, 21 de agosto de 2015

NEVES (JOBÓ e LÀTÓRIJÉ)


FRIA.
Nomes Populares: Alfazema-de-caboclo, Alfazema-brava, Macaé, Mercúrio-do-campo, Poejo-do-brejo.
Nomes Científicos: Hyptis pectinata (L.) Poit., Lamiaceae; Nepeta pectinata L.; Clinopodium imbricatum Vell.
Orixá: Oxalá.
Elementos: Ar/feminino.
Considerada uma planta pantropical, esta espécie de hyptis ocorre amplamente nas Américas, desde o México até o Sudeste brasileiro.
Conhecida também pelo nome jejê-nagô làtórijé, essa planta é atribuída a Oxalá. Entra nos rituais de iniciação e em banhos purificatórios de todos os adeptos.
Na África é conhecida entre os iorubas pelos nomes jógbó e olátorije (Verger 1995:682)
Na medicina popular é empregada como estimulante, sudorífera e béquica.


quinta-feira, 20 de agosto de 2015

BÉTIS-BRANCO (EWÉ BOYÍ FUNFUN)


FRIA.
Nomes Científicos: Piper rivinoides Kunth., Piperaceae
Orixás: Oxalá e Iemanjá.
Elementos: Água/feminino.
Planta nativa brasileira que medra em matas úmidas e sombreadas de clima tropical, mais freqüente nas regiões nordeste e sudeste do país.
Utilizada nos rituais de iniciação e banhos de purificação para todos, “pois, sendo de Oxalá, seu uso é permitido a qualquer filho-de-santo”.
Medicinalmente, como ocorre com outras plantas do gênero piper, possui propriedades diuréticas e cicatrizantes.


quarta-feira, 19 de agosto de 2015

DAMA-DA-NOITE (ÀLÚKERÉSÉ)


FRIA.
Nomes Populares: Campainha, Corriola-da-noite, Boa-noite, Abre-noite-fecha-dia.
Nomes Científicos: Ipomoea alba L., Convolvulaceae; Convolvulus aculeatus L.; Convolvulus aculeatos var. bona-nox L.; Ipomoea bona-nox L.; Colonyction bona-nox (L.) Boj.; Colonyction aculeatum Choisy
Orixá: Oxalá.
Elementos: Ar/feminino.
Planta originária da América tropical, dispersa por todos os continentes, sendo uma espécie freqüente e bastante disseminada no território brasileiro. Kissmann (1992:522-II) relata a existência das variedades gigantea, muricata e vulgaris no Nordeste brasileiro, e Pott & Pott (1994:98) mencionam que o cálice (flores brancas) é utilizado como comestível em sopas e que as sementes eram usadas pelos escravos como sucedâneo do café.
Nos cultos de origem jejê-nagô, as folhas da dama-da-noite são utilizadas na iniciação dos filhos de Oxalá e em “banhos de prosperidade”, pois acredita-se que, sendo um vegetal de fácil expansão e que produz farta ramificação, por analogia, no plano litúrgico, está associado a fartura.
Sob as denominações iorubas de àlùkérése, àlùkérése pupa, afàkájù, òdódó oko e òdódó odò, Verger (1995:684) dá a classificação científica de Ipomoea involucrata P. Beauv., a qual não conseguimos determinar se é sinonímia da I. alba ou se se trata de outra espécie.
Como fitofármaco, o banho feito com os ramos desta convolvulácea é tido como um tratamento eficaz nos casos de reumatismo, servindo ainda para “amolecer inflamações cutâneas”.


terça-feira, 18 de agosto de 2015

JEQUIRITI (WÉRÉNJÉJÉ)


QUENTE.
Nomes Populares: Arvoeiro, Olho-de-pombo, Tenta-miúdo, Cipó-de-alcaçuz, Tentinho, Assacu-mirim, Carolina-miúda, Tento-da-américa, Piriquiti.
Nomes Científicos: Abrus precatorius L., Leguminosae-Faboideae; Abrus abrus Weight; Abrus maculatus Noronha; Abrus minor Dess.; Abrus panciflorus Dess.; Abrus squamulosos E. Ney
Orixás: Ossaim e Exu
Elementos: Terra/masculino.
Encontrada em áreas tropicais nas Américas, Índia e África, sua origem, todavia, é discutível. No Brasil, ocorre principalmente no Norte, Nordeste e Sudeste.
Folha misteriosa, o jequiriti entra no orò de iniciação de todos os filhos-de-santo, pois existe uma estreita ligação deste vegetal com Exu, sendo esta entidade a primeira a ser cultuada nos rituais de iniciação. “É, no seu papel de princípio dinâmico, de princípio de vida individual e de Òjise ou elemento de comunicação que Èsù Bara está indissoluvelmente ligado à evolução e ao destino de cada indivíduo. Como tal, ele também é Senhor dos Caminhos, Èsù-Òna, e pode abri-los ou fecha-los...” (Santos 1976:169). A utilização do jequiriti, provavelmente como a primeira folha do àgbo, tem por finalidade, através do Bara (Exu pessoal), proporcionar ao iniciado novos e melhores caminhos a partir da feitura do orixá, que representa o nascimento para uma nova vida. Em outras circunstâncias, suas sementes são utilizadas para trabalhos maléficos e, se pisada por alguém, tem a capacidade de gerar brigas e desordens.

Nos centros de umbanda, as sementes do jequiriti são atribuídas a Exu e servem para confeccionar colares, que são usados pelos adeptos, com a finalidade de afastar pessoas negativas e invejosas.
Nas “santerias” cubanas, o jequiriti é conhecido pelos nomes lucumis ewé-réyeye ou iggereyeye. As semente e folhas também entram num “omieró” especifico para iniciados; porém, os pequenos tentos são considerados perigosos, pois provocam brigas e desordens, e com eles se fazem trabalhos maléficos (Cabrera 1992:514).
Na África esta leguminosa é conhecida ainda pelos nomes aládùn, adágbé, makò, méénmésén, méénmésén ìtàkùn, mísínmísìn, ojú eyelé, ojú ológbò, olá-tògégé e pákùn obarìsà, sendo utilizada em trabalhos para preservar a saúde, tais como “receita para acabar com a tosse” e “receita para resolver gravidez de mais de nove meses”, como também em “trabalho para ajudar alguém a ser possuído por Xangô”, “trabalho para persuadir as pessoas” e “proteção contra envenenamento” (Verger 1995:625,165,289,303,347,457)
As sementes do jequiriti são empregadas há muito tempo, no Brasil, no tratamento de doença dos olhos, principalmente conjuntivite grânulos rebelde; todavia, é necessário cautela ao usá-las, devido seu alto teor de abrina, o princípio ativo dessa planta, uma albumina tóxica, que, ingerida, pode provocar a morte. As folhas e raízes, maceradas, são indicadas nos casos de afecções pulmonares, urinárias e do ventre.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

ORELHA-DE-MACACO (EWÉ OGBÓ)


QUENTE.
Nomes Populares: Rama-de-leite, Cipó-de-leite, Folha-de-leite, orelha-de-macaco.
Nomes Científicos: Periploca nigrescens Afzel., Asclepladaceae; Parquetina nigrescens (Afzel) Bullock.
Orixás: Oxossi e Ossaim.
Elementos: Terra/masculino.
Planta originária da África tropical, trazida pelos nagôs para o Brasil, onde está aclimatada, sendo encontrada em florestas sombreadas ou cultivadas para fins ritualísticos.
O ogbó é um vegetal que entra na iniciação de todos os filhos de santo. É utilizado tanto em banhos quanto em ritual associado a outras plantas para retirar a consciência mediúnica dos iniciados, seu efeito só se faz presente quando catalisados por determinadas folhas.
Conta um mito muito popular nos candomblés que “esta foi a primeira folha liberada por Ossaim, para ser utilizada por Oxossi”.

Na África recebe ainda os nomes ogbó pupa, ogbó funfun, asogbókan, asóbomo e gbólogbòlo, e utilizam-na liturgicamente para tratar a epilepsia (Verger 1995:265,704).

sábado, 15 de agosto de 2015

ALFAVAQUINHA-DE-COBRA (RINRIN)


FRIA.
Nome Científico: Peperomia pellucida (L.)Kunth., Piperaceae
Orixás: Oxalá e Oxum.
Elementos: Água/feminino.
A alfavaquinha-de-cobra, conhecida na Bahia e Rio de Janeiro, é uma erva de origem africana que disseminou-se por todo o Brasil.Prolifera em lugares úmidos, sendo encontrada com facilidade em pedreiras, jardins, florestas sombreadas e mesmo em terrenos abandonados e beiras de calçadas.
Conhecida entre os erveiros pelo nome de orirí ou orirí-de-oxum, é fundamental nos rituais de iniciações e obrigações periódicas que ocorrem nos candomblés jejê-nagôs, entrando no àgbo de todos os orixás.
Verger (1992:30,31), citando um mito de Ifá, relata que: "Igbádù é a casa de Odú. Não se pode entrar na casa e olhar o interior, se não se esfregar antes os olhos com água de calma, composta de folha de òdúndún, tètè e rínrín, de limo da costa (karitê) e de água (contida no casco) de um caracol.
Todo babalaô que vai fazer o culto de Orumilá na floresta deve antes adorar Odù, sua esposa, no Igbádù, senão Orumilá não ouvirá seus pedidos e não saberá que este babalaô é seu filho".
É interessante notar a relação que essa erva tem com os olhos, seja no plano litúrgico, seja no fitoterápico. No plano litúrgico, ela pertence também a Oxum, que, na qualidade de Opará, é sincretizada com Santa Luzia, sendo ambas protetoras dos olhos. Na medicina popular, as pessoas do interior usam o sumo extraído do caule desse vegetal para combater irritações e inflamações oculares.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

SALSA-DA-PRAIA (GBÒRÒ AYABA)


FRIA.
Nomes Populares: Kissajá, Salsa-brava, Salsa-pé-de-cabra.
Nomes Científicos: Ipomoea pes-coprae (L.) R. Br., Convolvulaceae; Convolvulus pes-caprae L.; Convolvulus brasilliensis L.; Ipomoea brasilliensis (L.) G.F.W. Mey; Ipomoea biloba (Roseb.) farsk.
Orixá: Iemanjá.
Elementos: Água/feminino.
Planta rasteira nativa da América tropical, encontra-se hoje introduzida no continente africano. No Brasil ocorre com freqüência nos litorais das regiões norte ao sudeste. Kissmann (1992:572-II) diz que esta é uma "planta muito parecida com a de Ipomoea asarifolia. A literatura cita que uma diferença fundamental está no formato das folhas que, em Ipomoea pes-caprae, têm o ápice bilobado, lembrando um pé de cabra". Todavia, estas espécies se confundem, sendo às vezes difícil sua identificação, pois costumam ocorrer variações tanto nas folhas quanto nos frutos.
Embora pertencendo a Iemanjá, esta planta é utilizada para todos os orixás, pois tem uma importância significativa nos rituais de iniciação. sua folhas estão ligadas ao culto do orí (cabeça) quando se reverencia Iyá Orí, um dos títulos de Iemanjá, que literalmente significa a mãe das cabeças.
Verger (1995:683) classifica este vegetal como Ipomoea asarifolia (Ders.) Roem & Schult, e atribui-lhe os nomes iorubás tutúù, fenumónu, olúkànb e o mesmo nome utilizado no Brasil. 
A raiz da salsa-da-praia possui propriedades drásticas, e as folhas são empregadas nos casos de reumatismos, nevralgias, catarros crônicos e blenorragias.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

VASSOURINHA de RELÓGIO (ÀSARÁGOGO)


FRIA.
Nomes Populares:Vassourinha-mofina, Vassourinha, Zanza, Relógio, Mata-pasto, Guanxuma, Guanxuma-preta, Malva-preta.
Nomes Científicos: Sida rhombifolia L., Malvaceae; Sida alba Cav., non L.; Sida retusa L.
Orixá: Oxum.
Elementos: Água/feminino.
Planta encontrada como invasora de pastos e jardins, que tem origem no continente americano. Ocorre em todas regiões do Brasil, e com menor intensidade no sul dos Estados Unidos.
A vassourinha-de-relógio é uma planta muito utilizada em sacudimentos com a finalidade de descarregar pessoas e casas. Na iniciação, é utilizada na sacralização dos objetos rituais dos orixás.
Na África, entre os iorubás, é conhecida pelos nomes ifin e ewé ifin (Verger 1995:720), sendo usada com fins litúrgicos e medicinais.

VASSOURINHA DE OXUM (SEMIN-SEMIN) Misi misi



FRIA.
Nomes Populares: Vassourinha-doce, Vassourinha, Vassourinha-benta, Tapixaba.
Nomes Científicos: Scoparia dulcis L. Scrophulariaceae; Scoparia procumbens Jacq.; Scoparia ternata Farsk.
Orixás: Oxum e Iemanjá.
Planta nativa na América tropical. É encontrada em quase todo o território, principalmente nos Estados do Nordeste, Sudeste e Sul.
Conhecida popularmente entre os jêje-nagôs como vassourinha-de-oxum, esta planta tem diversas finalidades. Suas folhas são utilizadas em banhos purificatórios e sacudimentos. "Os galhos, dentro de um copo com água, sobre a mesa de jogo, servem para melhorar a clarividência e purificar o ambiente". suas raízes pulverizadas são empregadas no preparo de um sortilégio que é colocado sob a língua, com a finalidade de obter-se favores de outras pessoas.
Usada na liturgia iorubá, esta planta é conhecida pelos nomes òmisínmisín gogoro, mesénmesén gogoro, olómù yinrín, bímobímo e màyìnmàyìn, sendo empregada em "receita para acabar com a tosse", "trabalhos par persuadir as pessoas" e "trabalho para conquistar o coração de uma mulher" (Verger 1995:717,165,167,347.371)
O suco, a infusão ou o decocto deste vegetal é utilizado como fitofármaco para combater gripes, bronquites, catarro pulmonar, hemorróida e dores de ouvido. Considerada, ainda, emoliente, diurética, tônico do estômago e antifebril.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

BARONESA (ERESÍ MOMIN PALA)


FRIA.
Nomes Populares: Jacinto-d'água, Dama-do-lago, Murere, Orelha-de-veado.
Nomes Científicos: Elchhornia azurea (Sw.) Kunth., Pontederiaceae; Pontederia azurea Sw.; Pontederia aquatica Vell.
Orixá: Nanã
Elementos: Água/feminino.
Do mesmo modo que a Eichhornia crassipes, o jacinto-d'água é originário da região amazônica e vive no mesmo habitat do aguapé, estando amplamente disseminado pelos diversos continentes.
Nos candomblés brasileiros, esse vegetal é atribuído a Nanã, sendo utilizado também para Oxumarê e Obaluaiê, em banhos purificatórios para os iniciados, na sacralização e nos osé (limpeza) dos objetos rituais desses orixás. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

GOLFO-DE-FLOR-BRANCA (ÒSÍBÀTÁ)


FRIA.
Nomes Populares: Golfo-de-flor-amarela, Golfo-de-flor-vermelha, Golfo-de-flor-lilás.
Nomes Científicos: Nynphaea alba L., Nynphaeaceae; Nuphar luteum Sibt. et Smith; Nymphaea rubra Roxb. ex Salisb.; Nymphaea caerulea Andr. (=Nymphaea capensis Thunb).
Orixás: Oxalá, Iemanjá, Xangô, Oxum, Oiá, Obá, Nanã e Ewa.
Elementos: Água/feminino.
Planta aquática encontrada na Europa, Ásia, África e Américas, medrando na superfície de lagos e rios.
As várias espécies de golfo são usadas nos rituais de iniciação, àgbo e banhos purificatórios. O golfo-de-flor-branca entra "nas obrigações dos filhos de Oxalá, Iemanjá e algumas qualidades de Xangô que tem enredo com estes orixás". O golfo-de-flor-amarela (Nuphar luteum Sibt. ex salisb.) é utilizado para Oxum; o golfo-de-flor-vermelha (Nymphaea rubra Roxb. ex Salisb.) é usado para Iansã e Obá; e o golfo-de-flor-lilás (Nymphaea caerulea Andr. ou Nymphaea capensis Thunb)é indicado para Nanã e Ewa. "Nos rituais da obrigação dos sete anos, o òsíbàtá é planta indispensável a qualquer iniciado".
Na África, segundo Verger (1995:701), o espécime denominado òsíbàtá é o lótus (Nymphaea lotus L.), planta aquática de origem egípcia, considerada sagrada na antiguidade, que também é uma Nynphaeaceae. Hoje disseminada por diversos continentes, supomos ter sido substituída pelas espécies acima citadas, quando da chegada de escravos nagôs no Brasil, época em que o lótus ainda não medrava nas Américas.
As Nymphaea são consideradas anafrodisíacas, podendo, provavelmente, ter a função de tranqüilizar sexualmente os neófitos por ocasião de sua reclusão. Segundo Sangirardi Júnior (1981:156-159), referindo-se às diversas variedades de golfo, "...eram usados pelos anacoretas e nos claustros, conventos, seminários". Afirmando, ainda, que " a raiz que acalma o desejo do homem evita também a prenhez da mulher", sugere ser uma planta abortiva. Todavia, as funções terapêuticas do golfo são diversas, dentre elas, destacamos o combate às disenterias, diarréias e moléstias de pele.

domingo, 9 de agosto de 2015

PIMENTA-D'ÁGUA (AWÙRÉPÉPÉ)


FRIA.
Nomes Populares: Pimentinha-d'água, Agrião-do-pará, Jambu, Treme-treme, Agrião-do-brasil, Jambu-açu.
Nomes Científicos: Spilanthes acmella (L.) Murr. Asteraceae (Compositae); Spilanthes arrayana Gardn.; Spilanthes melampodioides Gardn.; Spilanthes pseudo-acmella (L.) Murr.; Acmella linnael Cass.; Verbesina acmella L.
Orixás: Exu (flor), Oxum e Oxalá (folhas).
Elementos: Água/feminino.
O agrião-do-pará é uma planta nativa da América do sul, que ocorre. praticamente, em todo o Brasil.
Dentre suas várias finalidades nos rituais jejê-nagôs, awùrépépé é utilizado no àgbo e, juntamente, akonijé (Aristolochia cymbifera), entra na "mistura do segredo da fala dos orixás". Considerado eró (de calma), "é uma folha boa para banhos de prosperidades e para lavar os olhos e os búzios". Suas flores estão ligadas a Exu; todavia, é um vegetal de destaque na liturgia, sendo visto como extremamente benéfico e exaltado no korin ewé (cântico sagrado):AWÙRÉPÉPÉ PÈLÉPÈLÉ BEÓ significando, AWÙRÉPÉPÉ ,sensatamente, abençoe-nos.
Utilizada na cozinha popular do norte, esta planta entra no preparo do tucupi, iguaria da culinária paraense. Como medicamento natural, suas folhas são utilizadas para combater o escorbuto, a anemia e as dispepsias. O extrato das flores é aplicado sobre o dente cariado para eliminar a dor, e o xarope feito com as folhas é utilizado como expectorante infantil.

sábado, 8 de agosto de 2015

FUMO (ETÁBA ou ASÁ)


FRIA.
Nomes Populares: Tabaco, Fumo.
Nomes Científicos: Nicotiana tabacum L., Solanaceae; Tabacum nicotianum Bercht. et Opiz.; Nicotiana macrophylla Spreng.
Orixá: Oxalá.
Elementos: Ar/feminino
Planta nativa do Brasil, encontrada nas Américas do Sul e Central. Cultivada em Cuba e na Bahia com fins comerciais. Levada para a África na época das colônias, o fumo produzido de suas folhas era utilizado em escambos ou trocado por escravos.
Nos candomblés, a folha de fumo entra nos rituais de iniciação e no àgbo dos filhos-de-santo devotos de Oxoguian (tipo de Oxalá novo e guerreiro). O fumo-de-rolo é utilizado em diversas oferendas para Odu, Ossaim, Exu, caboclos, pretos-velhos e voduns. Os charutos são muito apreciados por Exus e Pombas-giras nos centros de umbanda.

Na África, os iorubás conhecem este vegetal pelos nomes tábà ou tábà èsù (Verger 1995:700).
Embora muito combatido nos dias atuais, segundo Cruz (1982:362), "o fumo é, inquestionavelmente, planta energética no tratamento de várias afecções, pelo que chegou a ter o nome de erva santa. Hoje é empregado com cautela, nos casos de tétanos, e como parasiticida; com ou sem razão, tem sido aconselhado para fumar-se em certos casos de afecções cardíacas; nas odontolgias é eficaz. Sua maior importância é pelo lado industrial, para fabricação de charutos, cigarros e rapé, e para mascar".
Na lavoura, o fumo de rolo em infusão é utilizado como defensivo natural no combate a algumas pragas.
Existem mais de 60 espécies do tabaco, no entanto, apenas a nicotiana tabacum sintetiza a nicotina, um alcaloide que estimula a síntese de dopamina no cérebro, provocando uma sensação de bem estar.

Propriedades e benefícios

Os princípios ativos do tabaco incluem a nicotina, cotinina, miosmina, nicotirina, anabasina e nicotelina. Além disso, nesta planta também são encontradas várias outras substâncias, dentre as quais estão algumas muito tóxicas, como a terebentina, o formol, amônia e naftalina.
O tabaco é uma planta bastante controversa e polêmica: no passado, acreditava-se que o tabaco era um ótimo remédio para muitas doenças, dentre as quais estão as dores de cabeça, males do estômago, úlceras, enxaqueca, gengivite e dor de dente. No entanto, a partir do século XVII, esta planta começou a receber críticas e, em meados do século XX, algumas pesquisas científicas comprovaram que o tabaco provoca câncer.
No contato dos colonizadores portugueses com os indígenas brasileiros, os primeiros aprenderam a usar a planta como cicatrizante de feridas e como fumo para espantar o tédio. Em Portugal, a planta passou a ser chamada de “erva santa” ou “erva das índias”, devido às suas propriedades medicinais, como anti-inflamatória, antiparasitária, hipertensora, narcótica, sedativa, vermífuga e inseticida.
Embora tenha sido usada para tratar doenças no passado, a eficácia de seu uso medicinal ainda não comprovada. Nos últimos anos, pesquisadores israelenses modificaram geneticamente o tabaco e, a partir dele, criaram a artemisinina, uma droga que age rapidamente contra a malária.

Modos de usar o tabaco
As formas de uso mais comum do tabaco são fumá-lo ou inalá-lo através de cigarro, charuto, cachimbo e rapé. A infusão de suas folhas pode ser usada externamente para tratar sarna, piolhos, carrapatos, dores de dente e picada de insetos.

Contraindicações e efeitos colaterais
O tabaco é contraindicado para crianças, gestantes e nutrizes. O consumo da planta na forma de cigarro pode causar várias doenças, como câncer, enfisema pulmonar, infecção das vias respiratórias e pneumonia.
Quando utilizado em altas doses, pode reduzir a pressão arterial, causar tremores nas mãos, cefaleia, tontura, fraqueza nas pernas, perda de apetite, salivação, espamas, dores do peito, problemas na digestão, náusea, diarreia, vômitos e falência cardiorrespitatória.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

AZEDINHA do BREJO (ÌMU)


FRIA.
Nomes Populares: Erva-saracura, Erva-do-sapo, Erva-azeda, azeda-de-ourives, Begônia ou Azedinha.
Nomes Científicos: Begonia fischeri Schrank., Begoniaceae; Begonia cucculata, Begoniaceae; Begonia acida Vell.; Begonia bahiensis D.C.
Orixás: Iemanjá, Oxalá e Nanã.
Elementos: Água/feminino.
Planta de origem brasileira, ocorrendo em quase território nacional, principalmente e com mais abundância nas regiões úmidas do Nordeste e Sudeste. É uma planta muito delicada, e por sua beleza é freqüentemente cultivada em jardins.
Utilizada nos rituais de iniciação, banhos purificatórios e na sacralização dos objetos rituais de iniciação dos orixás, é considerada por muitos uma planta exclusiva de Iemanjá; porém, existe discordância, pois alguns a atribuem a Oxalá ou Nanã.
A folha, quando mastigada, tem sabor azedo, porém agradável, sendo indicada no combate ao catarro da bexiga, diarréias, disenterias, escorbutos e sapinho de recém-nascidos.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

GAMELEIRA-BRANCA (ÌRÓKÒ)


QUENTE
Nomes Populares: Gameleira, Figueira, Tatajuba, Iroco, Figueira-branca, Figueira-brava, Figueira-grande.
Nomes Científicos: Clorophora excelsa, Moraceae ou Ficus doliaria M.art., Moraceae
Orixás: Oxalá, Ìrókò e Exu.
Elementos: Fogo/masculino.
Ajuda na cura de doenças graves. Afasta a morte.
No Brasil, a gameleira substitui o verdadeiro ìrókò africano (Chlorophora excelsa [Welw.] Benth & Hook.), que também é uma morácea conhecida, naquele continente, pelos nomes iorubás èrò ìrókò, ìrókò aládé oko, ìrókò èwò, ìràwé igbó (verger 1995:647). A árvore africana faz parte do rol de vegetais do culto de Ifá, e foi sobre ela que as feiticeiras pousaram, mas não conseguiram permanecer, pois seus frutos não as satisfaziam. Foi a terceira árvore onde as ìyámi tentaram se estabelecer, mas não tiveram sorte.
A gameleira é considerada, dentro dos cultos nagôs, no Brasil, um vegetal sagrado e respeitado como moradia e local de adoração da entidade fitomórfica de origem jejê-nagô, Ìrókò, que, quando se manifesta em seus iniciados, se assemelha muito a Xangô. Também é atribuída a Oxalá, pois, no oriki (recitações) em que esta árvore está relacionada com os orixás da criação (Oxalás), ela é reverenciada como "Ìrókò! Oluwéré, Ògìyán Èlèijù, que se pode traduzir livremente por: Ìrókò, árvore proeminente entre todas as outras, o Òrìsà-funfun (Ògìyán) do âmago da floresta" (Santos 1979:77). Suas folhas são usadas em rituais de iniciação nas casas de candomblés, no àgbo dos filhos desse orixá e em banhos para problemas graves de saúde, "não devendo ser empregadas pra outras coisas, pois é folha muito quente que, quando se colhe, tem que fazer ritual, porque depois do meio-dia é de Exu e não cura". É útil, ainda, em casos de doenças graves, pois é crença comum que "as folhas da gameleira sob o travesseiro do doente têm poderes para espantar a morte".
A madeira da gameleira, por ser macia, é utilizada na confecção de canoas e gamelas artesanais, daí o nome gameleira. 


terça-feira, 4 de agosto de 2015

AKÒKO


FRIA
Nomes Populares: Acocô, Primeira-folha
Nome Científico: Newboldia laevis Seem, Bignoniaceae
Orixás: Ossaim e Ogum.
Elementos: Terra/masculino.
Planta originária da África, há algum tempo aclimatada no Brasil, principalmente na Bahia. No continente africano, ela é considerada árvore abundante, principalmente nas áreas de mercado onde são fincadas estacas de akòko e, quando os feirantes vão embora, os galhos enterrados brotam, dando origem a novas árvores; por isso, os iorubás lhe atribuem a fama de vegetal provedor de prosperidade.
Na cidade de Iré, local de culto a Ogum, na África, sob essa árvore são depositados os assentamentos desse orixá.
No Brasil as folhas de akòko são utilizadas nos rituais de iniciação, no àgbo e em banhos para todos os iniciados, independentemente de qual seja o orixá. São empregadas para compor oferendas, e podem ainda "em substituição ao são-gonçalinho, ser espalhadas no barracão nos dias de festas".
Respeitada como árvore sagrada, o akòko é utilizado tanto no culto aos orixás quanto nos terreiros egúngún, onde se cultuam os ancestrais ilustres, na Bahia.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

TANCHAGEM (EWÉ ÒPÁ)



FRIA. 
Nomes Populares: Transagem, Tansagem, Acatá, Carrajá, Tanchagem-terrestre, Erva-de-ovelha, 
Nome Científico: Plantago major L., PLANTAGINACEAE
Orixá: Obaluaiê.
Elementos: Terra/masculino.
Não deixa faltar o alimento, para o corpo e a alma. Ajuda a valorizar gente e objetos.
Planta herbácea nativa do Brasil e disseminada por toda a América tropical. Considerada planta daninha, pois invade gramados e pastagens, t~em ocorrência em todo território nacional.
A tanchagem é usada nos rituais das casas de candonblé em banhos purificatórios e no àgbo dos filhos de Obaluaiê, por extensão, é utilizada também para Nanã e Oxumarê.
Para viciados em álcool, a população do interior costuma "utilizar de oito a nove pendões (inflorescência) de tanchagem, curtidos em aguardente por um período de uma semana. Depois esse líquido é coado e dado à pessoa, sem que ela saiba que a pinga foi preparada, para que ela deixe de beber". Acredita-se que o alcoólatra enjoara da bebida.
É uma planta da família das plantagináceas. Devido às suas propriedades medicinais, a planta pode ser usada no tratamento de diversos males. Confira a seguir as propriedades e os benefícios da tanchagem.

Propriedades da tanchagem

A tanchagem tem propriedades adstringente, antibacteriana, redutora da irritação, expectorante, analgésica, anti-inflamatória, desintoxicante, cicatrizante, depurativa, descongestionante, digestiva, diurética, sedativa, laxativa, tônica.
O chá das folhas da tanchagem serve como cicatrizante, auxilia no combate à diarreia, aos problemas gastrointestinais, dores de dentes, além de desinflamar os gânglios, boca e garganta. As folhas limpas e escaldadas em água fervente aplicadas sobre feridas ou úlceras têm efeito cicatrizante e também servem contra lepra, mordida de cão e queimaduras. O chá morno serve para banho de assento em caso de leucorreia.
As folhas em forma de cataplasma curam feridas, fístulas e hemorroidas. A infusão de folhas pode ser utilizada em casos de hemorragias nasais, retenção de líquidos e para eliminar a tosse e mucosidades.
As folhas e espigas cozidas são indicadas para curar algumas afecções hepáticas e estomacais. Por ser um ótimo cicatrizante, bochechar o chá da tanchagem é um excelente remédio para aftas.

Indicações:

Infecções de pele;
Picadas de inseto;
Diarreia;
Inflamações de mucosas (garganta, útero, intestino ou faringe);
Rinite;
Sinusite;
Gripes e resfriados;
Inchaço;
Acne;
Queimaduras;
Gastrite;
Disenteria;
Varizes;
Hemorragia.

Como usar a tanchagem?
A planta pode ser utilizada em forma de chá, de cataplasma, uso tópico e/ou na culinária.
Chá: Usar 20g de folhas de tanchagem para 1 litro de água fervente. Colocar a água para ferver e adicionar as folhas. Logo que começar a fervura, contar três minutos e desligar o fogo. Deixar descansar até amornar durante 15 minutos e filtrar. O chá deve ser consumido durante o dia.
Uso tópico: No tratamento de lesões da pele, macerar as folhas e aplicar no local entre três e quatro vezes ao dia.
Culinária: Adicionar as folhas aos molhos.
Cataplasma: Aplique as folhas amassadas sobre a ferida por dez minutos e troque-as a seguir. Aplique três vezes ao dia.
Efeitos colaterais
O uso da tanchagem pode causar sonolência, cólica intestinal e desidratação.
Contraindicações
É recomendado evitar o uso da planta durante a gravidez, lactação e em indivíduos com doenças cardíacas. O pólen da planta pode causar alergia.


URTIGA (KAN-KAN)


QUENTE
Nomes Populares: Urtiga-miúda, Urtiga-queimadeira.
Nome Científico: Urtica dioica L., Urticaceae.
Orixá: Exu.
Elementos: Fogo/ masculino.
Limpa do mal, traz alegria, ajuda a criar novos caminhos e achar estradas e atalhos.
Planta que ocorre nas regiões nordeste ao sul do território nacional. Cultivada em outros países com fins medicinais.
Como a maioria das urtigas, é considerada como uma planta gún (excitação). É utilizada pulverizada "para provocar confusões", sendo indicada para sacralizar os objetos rituais de Exu.
Utilizada como depurativo do sangue, esta urticácea combate também urticárias, queimaduras, dermatoses, cáculos renais, anemia, reumatismo, hidropisia e diabetes.

URTIGÃO (JOJÒFÀ e ÁJÒFÀ)


QUENTE.
Nomes Populares: Urtiga-brava, Cansanção(AM).
Nomes Científicos: Urera baccifera (L.) Gaudich., Urticaceae; Urtica baccifera L.
Orixás: Exu e Ogum.
Elementos : Fogo/masculino.
Limpa do mal, traz alegria, ajuda a criar novos caminhos e achar estradas e atalhos.
Planta nativa da América tropical. ocorre nas Antilhas, Caribe, Américas Central e do Sul. No Brasil encontra-se disseminada pelo Nordeste e Sudeste do território nacional.
Suas folhas, nas casas-de-santo de origem jêje-nagô são consideradas quentes e de excitação (gún). São utilizadas na sacralização dos objetos rituais de Exu e para excitar Ogum "quando dele se deseja alguma coisa rapidamente". Torradas e pulverizadas, alguns afirmam que "são ótimas pra provocar confusão". Na umbanda, nos rituais denominados "prova-de-santo", era comum preparar-se uma salada de suas folhas, que deveria ser consumida por aqueles que estavam em transe com Exu ou Caboclo.
"A planta é fortemente urticante, causando dor intensa e dermatite, quando toca a pele nua" (Kissmann 1995:611).

CANSANÇÃO (EWÉ KANAN)


QUENTE. 
Nomes Populares: Cansanção-de-leite, Urtiga, urtiga-cansanção, Urtiga-mamão, Queimadeira, Pinha-queimadeira.
Nomes Científicos: Cnidoscolus urens (L.)Arth., Euphorbiaceae; Jatropha urens Muell. Arg.; Hibiscus trisectus Bertol.
Orixás: Exú e Xangô.
Elementos: Fogo/masculino.
Limpa do mal, traz alegria, ajuda a criar novos caminhos e achar estradas e atalhos.
Originária do continente americano, o cansanção-de-leite ocorre, praticamente, em todo o território brasileiro.
embora, nos terreiros jêje-nagôs, esta planta também seja atribuída a Xangô, suas folhas são utilizadas com mais freqüência em "trabalhos para separar casais e provocar desordens em alguns ambientes, pois têm a finalidade de excitar o orixá para trabalhos maléficos".
O látex extraído de seu caule é usado medicinalmente nos casos de erisipela, diretamente sobre a pele afetada. Todavia, por conter princípios tóxicos, alguns autores condenam a utilização desta planta, pois, quando encosta na epiderme sadia, provoca queimaduras que se transformam em ulcerações.