Árvore do Conhecimento

Árvore do Conhecimento

domingo, 25 de outubro de 2015

JURUBEBA (KISIKISI, IGBÁ IGÚN, IGBÁ ÀJÀ)


QUENTE.
Nomes Científicos: Solanum paniculatum L., Solanaceae; Solanum jubeba Vell.; Solanum manoelli Moricand.
Orixás: Oxossi e Ossaim.
Elementos: Terra/masculino.
Planta nativa das regiões norte e nordeste do Brasil, ocorre das Guianas até São Paulo; considerada invasora, medra em abundância também no Sudeste.
Esta planta, nas casas de candomblé, é conhecida por vários nomes nagôs, entre eles igbá igún e igbá àjà (Barros 1993:140). Considerada uma planta gún (excitação), está ligada aos orixás das florestas e entra na composição do àgbo e banhos purificatórios dos iniciados.
Medrando no continente africano, a jurubeba, classificada como Solanum trovum Sw., recebe dos iorubas os nomes ikàn wéwé, ikan igún e ìgbá yìnrìn elégún, e utilizam-na liturgicamente em “trabalho para fazer a chuva parar” (Verger 1995:722,397).
O fruto da jurubeba é por demais empregado medicinalmente, em “garrafadas”, pela população da zona rural, para combater as debilidades físicas. É útil, ainda, nos casos de icterícias e moléstias do fígado, rins e baço.


domingo, 18 de outubro de 2015

JENIPAPEIRO (BUJÈ)


QUENTE.
Nomes Científicos: Genipa americana L., Rubiaceae; Genipa americana Vell.; Genipa brasiliensis Mart.; Genipa caruto H.B.K.; Genipa rumilis Vell.; Gardenia genipa Sw.
Orixá: Obaluaiê.
Elementos: Terra/masculino.
Encontrado na América tropical, o jenipapeiro é nativo do Brasil e ocorre em áreas florestais próximas a várzeas e charcos em todo o território nacional.
No òbe-ìfárí (na raspagem de cabeça por ocasião da iniciação) dos filhos de Obaluaiê, a folha do jenipapeiro é considerada indispensável, pois ela é uma das principais no orò – fundamentos – deste orixá, principalmente no àgbo.
O fruto verde,  quando em contato com a pele, torna-a escura, fato que deu origem a um história do Odu Ojonilé, signo do oráculo de Ifá, muito conhecida nos cultos jejê-nagôs no Brasil. Este mito relata sobre “um homem que estava prestes a ser visitado pela morte. Sentindo a aproximação dessa visita, ele foi consultar Ifá, onde foi aconselhado a fazer um ebó com peixe assado, preá e jenipapos verdes. O peixe assado e o preá ele tinha que levar como oferenda; porém, os jenipapos verdes ele deveria usar para passar em todo o corpo, o que lhe deu uma cor escura. Dias depois, a morte foi visita-lo, mas, quando chegou em sua casa, não o reconheceu, pois tinha que levar um homem claro e não aquele mulato que a atendera. Desse modo a morte foi  embora sem o homem que procurava e, durante muito tempo, ele viveu sem muitos infortúnios.” Na prática, as folhas do jenipapeiro são utilizadas em rituais para “retirar a mão do pai ou mãe-de-santo falecidos”.
Em Cuba, essa árvore é atribuída a Iemanjá.
O fruto do jenipapeiro possui propriedades digestivas, tônicas, diuréticas e afrodisíacas. A casca do tronco da árvore é empregada na cura de anemias e do ingurgitamento do fígado, baço e diversas outras moléstias. Seu licor é considerado excelente digestivo.


domingo, 11 de outubro de 2015

ESPELINA-FALSA (ÀFÓN)


QUENTE.
Nomes Científicos: Clitoria gulanensis Benth., Leguminosae; Crotolaria guyanensis Aubl.; Crotolaria longifólia Lam.; Neurocarpum angustifolium Kunth.; Neurocarpum longifolium Mart.
Orixás: Obaluaiê e Nanã.
Elementos: Terra/masculino.
Planta com ocorrência das Guianas ao Estado de São Paulo, encontrada nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso.
Suas folhas são utilizadas na iniciação dos filhos de Obaluaiê e Nanã, servindo, também, para Oxumarê em banhos purificatórios.

Usa-se a infusão da raiz e o pó feito das sementes desta planta na fitoterapia, como diurética, purgativa, e para combater a cistite e uretrite.

XIQUE-XIQUE (SÉRE OBA e ISÍN)


QUENTE.
Nomes Populares: Cascaveleira, Guizo-de-cascavel, Crotolária, Chocoalho, Maraca.
Nome Científico: Crotalaria retusa L., Fabaceae (Leguminosae)
Orixá: Xangô.
Elementos: Fogo/feminino.
Planta pantropical, nativa da Ásia, encontrada em diversos continentes e vastamente dispersa no território nacional.
Essa leguminosa é conhecida no candomblé brasileiro pelo nome nagô isín.
Seu fruto é uma fava que, nas “casas-de-santo”, é chamada de sékéré, porque quando seca, produz, ao balançar, um som parecido com o sere (objeto metálico em forma de cabaça com cabo, utilizado no culto a Xangô). Segundo alguns, é utilizada em oferendas ao Odu Obará, pra pedir prosperidade4 na vida. As folhas, “consideradas quentes, são usadas em banhos, juntamente com outras folhas frias para equilibrar a mistura”.
Na África, recebe os nomes àwíyán e òdòdó (Verger 1995:657), sendo conhecida  dos sacerdotes do culto de Ifá.

Outra espécie que ocorre no Brasil, e que tem a mesma finalidade litúrgica, é a C. pallida Ait. (=C. mucronata Desv. E C. striata DC.), que, embora os frutos sejam parecidos, as folhas divergem em seus formatos.  

sábado, 10 de outubro de 2015

LÍNGUA-DE-GALINHA (ÀLÚPÁYÍDÁ)


QUENTE.
Nomes Populares: Guaxima, Língua-de-tucano, Guanxuma-fina e Malva-língua-de-tucano.
Nomes Científicos: Sida linifolia Cav., Malvaceae; Sida angustíssima Juss. Ex Cav.; Sida campi Vell.; Sida longifólia Brandeg.; Sida linearifolia Schum. & Thonn.
Orixás: Oxumarê e Nanã.
Elementos: Terra/masculino.
Planta anual que floresce nos meses de setembro a abril, e reproduz-se, apenas, por sementes. Nativa da América do Sul é encontrada em todas as regiões do país.
Na liturgia dos orixás, as folhas de língua-de-galinha são utilizadas nos rituais de iniciação dos filhos de Oxumarê, em banhos purificatórios ou em sacudimentos.
Na África, este vegetal tem os nomes iorubas òbóníbi, ìsó, òbólè e òbóló- kólépòn, sendo utilizado em “receita para tratar criança que come terra”, “receita para ser utilizada durante a gestação” e “trabalho para vencer os inimigos” (Verger 1995:720,235,275,353).



domingo, 4 de outubro de 2015

BATATA-DOCE (EWÉ KÚKÚNDÙNKÚ ou EWÉ ORÍ)


FRIA.
Nome Científico: Ipamoea batatas (l.) Poir. & Lam., Convolvulaceae
Orixás: Iemanjá, Ogum e Oxumarê.
Elementos: Água/feminino.
Caribé & Campos (1991:22), sobre esta convolvulácea, citam: “Nativa da América, há informações de que era cultivada no México e no Peru desde épocas pré-colombianas”.
Vegetal de grande importância e destaque entre os jejê-nagôs, tanto as folhas quanto os tubérculos têm uso litúrgico nas casas de candomblé brasileiras. As folhas são utilizadas em rituais de iniciação e entram nos banhos purificatórios de vários orixás, principalmente Iemanjá, Ogum e Oxumarê. Os tubérculos são oferecidos, juntamente com espigas de milho verde e laranjas, a Xangô Airá, por ocasião da festa em que é feita uma grande fogueira dedicada a este orixá, na noite da véspera do dia de São Pedro. Entram ainda na preparação de comidas que são colocadas como oferendas para Oxumarê e, juntamente com outros legumes, são utilizados em ebós pra diversas finalidades.
Na África, atribuem-lhe os nomes iorubas òdùnkún, ànàmó yáyá, òdùnkún àdùnmó e èdunmùsí (Verger 1995:684), além de kúkúndùnkú, que é o nome pelo qual é conhecido pelos nagôs brasileiros.

Segundo Cruz (1982:104), “as folhas são emolientes e seu cozimento serve para tumores e inflamações, sobre tudo na boca e da garganta, aplicando-se em gargarejos”.   

MACONHA (EWÉ IGBÓ)


QUENTE.
Nomes Populares: Cânhamo-da-índia, Cânhamo-verdadeiro, Fumo-de-angola, Diamba, Liamba.
Nome Científico: Cannabis sativa L., Cannabaceae
Orixá: Exu.
Elementos: Fogo/masculino.
Originário da Ásia, o cânhamo-da-índia aclimatou-se bem no Nordeste brasileiro e em outras áreas tropicais e subtropicais dos continentes.
Nos candomblés de Angola, a maconha é conhecida pelos nomes liamba ou diamba. Folha que no passado foi muito utilizada; atualmente, devido às proibições legais, seu uso é restrito aos trabalhos com Exu, especialmente na sacralização dos seus objetos rituais. Acredita-se que “seja boa para atrair dinheiro, mas também atrai brigas e confusões”.
Nas áreas rurais, o chá das folhas desse vegetal é utilizado como tranquilizante e analgésico no combate às enxaquecas, encefalias e dores de dente.